Pudera ser noite densa 

Daquelas que nos exigem vagalumes

Acenderia minha estrela interna 

ou preferiria a aspereza dos sonhos?

Do amor não consigo sair imune

abro minhas entranhas e retiro com estranheza sua alma 

envolta em papel amassado por estes devaneios tolos!








Infância na Fazenda

Carrinho de caixas de fósforo
Bonecas de milho com seus cabelos ruivos e rosas
Pratinhos de caquinhos diversos
A prosa correndo na roda dos mais velhos

O paiol brincadeira favorita da molecada
Pular de saca em saca era a festa
Morcegos escondidos à espreita
Aranhas incomodadas achavam graça

O terreiro de café vazio lembrando os anos idos
Em que café era ouro na praça
Agora servia pra “quarar” roupas
Branquinhas ficavam nos varais coloridos

Os cavalos idosos que lá chegavam
Diziam lá ser sua ultima morada
Mortadela ou charque era seu destino
Nós sofríamos com esse desatino

Nas mangueiras centenárias subíamos depressa
Pulávamos de galho em galho atrás das saborosas:
Rosinhas, Bourbons, Manteigas e Espadas
Tinha à beça,  e nos gramados ficávamos todos lambuzados

Infância de grandes sonhos
De “bença”  pai, “bença” mãe
De juízo e respeito pelos “nonos”
Sabedoria de um mundo que não volta mais!

Zizi Palloni Somense






Poesias autorais


Estrela

Chuva fina, em minha mente
tens um som que acalanta
Os dias lindos vão ao longe
onde a alegria era uma constante
Fogão à lenha, chama crepitando
Aquecia o coração dos infantes
Mãe silente ao bebê embalando
Ela se jogou nos braços da morte
Voltaste anjo dormente
Envolta em fina flor
A maré da alma recuou
Sem entender a sua dor
No firmamento nasceu uma estrela
Brilho intenso feito promessa
As vezes brilha com a lembrança
da chama crepitando, da fina chuva
dos dias lindos e findos.