Sua cidade tem: uma linda praça, um belo coreto e um chafariz iluminado.
Como a praça é um espaço público, coletivo. Pertence à todos, que querem desfrutar desse espaço, sendo rico ou pobre. A praça é memória coletiva e dá identidade aos cidadãos.
Aí chega um cidadão de bem e diz que o progresso precisa chegar, que precisa melhorar o nível dos frequentadores. Derruba árvores centenárias, o belo coreto de 1880, bancos confortáveis e o belo chafariz. O que sobra?
Cimento armado, bancos modernos, poucas árvores para “despoluir” o ambiente e os frequentadores continuam os mesmos, pois a praça é um ambiente de passeio e descontração, às vezes, o único quintal de alguém! Mas aí que reside a ignorância social dos que reformulam este espaço em nome do progresso, os poderosos eliminam tudo o que é do povo, que tem memória, que dá identidade! Não pensem que não é proposital, essa ideia de que venha o novo, camufla na verdade, uma ânsia de poder. Vamos eliminar aquilo que produziu uma memória coletiva a fim de criar uma nova onde somos os atores principais! É o nome do sujeito que fica eternizado no projeto de remodelação. As cidades interioranas ainda mantém suas praças à moda antiga! Já os grandes centros eliminaram esses espaços em nome do progresso, da modernidade!
Quase não há hoje - com exceção dos shoppings -lugares para o flerte, nas décadas de 40/50, os jardins das cidades eram esses espaços! Minha mãe conheceu papai num “footing”, palavra inglesa que significa no Brasil, “(...)um passeio de ida e volta, em trecho curto, de rapazes e garotas para verem o sexo oposto ou iniciarem um namoro -, o corpus apresenta vários exemplos como este: “Ponto de encontro [os shopping centers] (como os antigos footings do interior) de paquera, de exibição, compra…” (Ignácio de Loyola Brandão, Leia, 1989). > 5, 6.1, 6.3, 7 e 12. Tempos sadios de olhares cruzados, mão na mão, beijos doces. A praça e seus bancos aconchegantes sempre foram espaços de identidade, é um elemento cultural importante na formação histórica dos moradores, ao invés de demoli-la, o certo é preserva-la e a história que ela registra.