Estava ela em um grande salão, com lindos pilares em estilo rococó, pintados à ouro. Vestida lindamente em seda javanesa com pequenos brocados. Os cabelos eram sustentados por uma linda tiara de diamantes. Ela não tinha certeza de quem era, talvez uma dama, uma princesa, uma rainha?
No centro de uma enorme sala adjacente ao grande salão, um homem ostentando um grande charuto, ria largamente com os demais senhores. Ele a observou ao longe, assim como ela também o observou. Seus olhares se cruzaram por uns instantes. Não o conhecia.
O mestre de cerimônia anuncia uma valsa a fim de que os dançantes se organizassem. E sem par, ela sentou à mesa, bebendo uma taça de champanhe. Distraída na formação dos pares, não notou que galantemente o jovem da sala de charutos a tirava para dançar. Não saberia dançar sem pisar-lhe os pés e recusou o convite. Porém, o nobre senhor insistiu e ela resolveu aceitar timidamente. Com leveza e atenção ele a conduziu e ela sentiu-se voar em seus braços! Seu hálito almiscarado a estonteou e por instantes sua visão escureceu. Acordou nos braços daquele homem, que massageava suas mãos, assustado. Um médico no local sugeriu um passeio ao ar livre para aliviar a pressão. O cavalheiro conduziu-a aos jardins perfumados de damas da noite...a brisa leve, as mãos firmes em sua cintura daquele desconhecido, a acalmou completamente. Ela o conhecia de outra vida, pois seus olhos enxergavam além do aparente. Ela o amou desde o primeiro olhar. E acredito que o mesmo aconteceu com ele.
Não houve apresentações formais e ali naquele jardim, ele tomou-lhe num beijo doce e terno. Ela sabia que encontrou sua alma gêmea. Estar ao lado dele era o que sua alma mais ansiava. Não conseguiram mais se separarem. A paixão foi imediata e no dia seguinte se casaram numa igrejinha, tendo Deus como testemunha. Nunca mais se separaram. Mas ela tinha uma doença desconhecida - não tinha memória recente - e todo dia este homem com ela se casava para que ela nunca o esquecesse e soubesse que ele era seu consorte e que me amaria eternamente.
Por Zizi Palloni Somense
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