Pesquisa sobre o Ensino Universitário!

* 46 total de pesquisados
Faixa etária: 21 a 60 anos
Portanto, a pesquisa perpassa um período extenso que vai dos anos 60 aos 90.
* Desses, 45 pesquisados os avós NÃO cursaram Universidade.

* Apenas 1 Cursou universidade (depois de casado)
Eu sei que a análise é conhecida, pois muitos autores discorreram sobre o assunto! Mas este é meu parecer histórico sobre o significado para o fato de NÃO cursarem universidade!

Ter a chance de prosperar através da educação

Esse é o pensamento social no Brasil que perpassa em todas as gerações. Era o ideal no Brasil colônia, imperial e republicano. Ter acesso à educação podia fazer a diferença no sucesso ou não da pessoa. Ou seja, nossa sociedade sempre foi hierarquizada a partir do acesso à educação. Lembrando que o marco inicial da educação no Brasil, o período colonial a educação era bem diferenciada, isso à pedido das elites:  conhecimento aprofundado para seus filhos e menos aprofundado para os indígenas. Isto já criou um distanciamento educacional que perdurou até meados de 30. Sabemos também que as mulheres estavam fora das escolas, sejam de elite ou não, sua educação era para a vida doméstica ou religiosa. De maneira geral os jesuítas neste período aplicavam o programa Ratio Studiorum, um sistema de aprendizagem baseado no ensino da gramática média, da gramática superior, das humanidades, da retórica, da filosofia e da teologia. Mas como era diferenciado entre elite e povo, a hierarquização social foi o marco desta sociedade. No século XVIII, as ideias iluministas desembarcam em nossas terras tupiniquins e o que assistimos foi uma reforma na educação, para torná-la mais prática e menos religiosa. Pombal era o grande arquiteto destas mudanças. Como resultado de suas mudanças no ensino, os índios perderam acesso à educação, mas de outro lado houve um passo para um ensino público no Brasil. O que na verdade não ocorreu. Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, houve algumas mudanças importantes, a principal delas de acordo com a historiadora Maria de Lourdes de Fávaro, esses locais tiveram duas características marcantes: o ensino profissionalizante e a preparação para o trabalho no serviço público. Criou-se também escolas superiores de Medicina e Economia na Bahia e Rio de Janeiro. Porém, os alunos eram oriundos das famílias abastadas. Não houve a tão falada universalização do ensino, inclusive fazer universidade em Portugal. Lembrando que as escolas eram mantidas pelo Estado português. Não havia iniciativas particulares. No período republicano que se esperava um maior acesso escolas às classes populares, não ocorreu. Uma das heranças do período imperial brasileiro na Constituição Republicana de 1891 foi a manutenção da dualidade do sistema escolar: boas e poucas escolas para as elites e escolas de qualidade duvidosa para os demais. Esse panorama vai mudar a partir de 1920, com A Escola Nova de Anisio Teixeira. A Escola Nova, no Brasil, ficou marcada pela tentativa de tornar a educação mais inclusiva e adotar um modelo mais moderno de ensino, voltado para uma educação prática da vida, tendo como base as ideias do filósofo americano John Dewey. De acordo com o IBGE, a taxa de analfalbetismo na década de 1920, para pessoas a partir dos 15 anos, era de 65%. Este quadro só vai mudar  a partir dos anos 40 caindo para 40%. Apesar de um governo ditador, Vargas promoveu mudanças socializantes na educação tornando-a mais sistematizada. É incrível, mas a constituição de 1934 foi a primeira a constar em seu texto um capítulo inteiro sobre educação. Mas por ser um governo ditatorial a escola tinha um controle ideológico muito grande. Foi somente após o governo Vargas que a escola pode ser compreendida como direito de todos. Embora ainda era muito elitista, mas ainda era de poucos. As escolas secundárias tinham em 1940, 155 mil frequentadores, em 1950, este número subiu para 365 mil. Os alunos dos cursos profissionalizantes iniciados em Vargas, como Senai, também cresceram grandemente. Em 1961, temos a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Neste período cresce a frequência de mulheres no ensino público, caracterizou a conclusão do primário, fixado em oito anos, e passam a ser utilizados os termos 1º grau e 2º grau. O ensino era mais técnico em 1971, devido aos militares no poder, sendo que este caráter vai até 1982. Em 1996, houve uma mudança sensível  na formação nesta LDB, que caracterizada de Ensino Fundamental e Ensino Médio e a Educação infantil passa a ter bastante importância, fazendo parte da educação básica. O analfabetismo é ainda um dos entraves da nossa educação. Em 2017, de acordo com o PNL,  tínhamos 12 milhões de analfabetos no país. Na educação infantil, alcançamos 90% de matrículas, mas este número cai para 87,2. Isso torna o país excludente na educação. E ainda o ensino universitário está  longe de atingir a universalização, temos um problema sério de valorização do professor e do ensino ainda hoje. Espero que vocês tenham compreendido o  porquê de nossos avós não terem frequentado a universidade. Muitos mesmo conforme a pesquisa não frequentaram nem os primários ou completaram o secundário. Desigualdade educacional sempre acompanha a social. Isto é proposital numa sociedade elitista como a nossa!
Referências bibliográficas

História da Educação no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1986.
FAVERO, Maria De Lourdes de A. Universidade E Poder - Analise Critica. Autores Associados. Jan/2000.
RODRIGUES, Neidson. Lições do Príncipe e outras lições. 12ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1978.

Dias de vinho e rosas



(Inspiração sobre a canção Days of wine and roses, composta por Andy Williams)

Contemplando o por do sol no alpendre,
Ao fundo, suave melodia ouvindo,
E assim, a harmonia engendre,
O amor neste  dileto e apreciado vinho.

As rosas brotando nas floreiras,
Exalam inebriante perfume,
Tornam qualquer dia, domingueiras.
Iluminadas com florescente lume.

Nesse tempo de recolhimento social,
As pequenas coisas se tornam valiosas.
No horizonte há um vírus letal,
Um terrível "espinho de rosas"

Dias de vinhos e rosas, pra meu espanto,
Não foram os vividos em liberdade,
Mas sim nestes de isolamento,
Onde enxergamos o outro de verdade.

Esta guerra com um inimigo oculto,
Revelou todas as nossas fraquezas.
Nos deixou a alma em luto,
Fazendo-nos pagar nossas avarezas.

Ainda é possível proteger e amar
Mesmo num incerto mundo obscuro,
Uma vida nova devemos esperançar,
Eliminando todos nossos muros!

Onde encontrar a ternura,
Senão na  caridade de um olhar?
Onde encontrar a doçura?
Senão na capacidade de amar!

Se somente em nosso Eu nos centrarmos,
Estamos fadados a uma destruição,
Temos que corrigir nossos erros,
Fortalecendo a cada um e a cada irmão!
Por Zizi Palloni Somense - Abril/20

Edição: Andrea Tano Gianoni

Imagem: http://joaobarcelos.com.br
Com licença, vou à luta!

Mulher afeto, mulher intelecto,
Mulher, sonho concreto.
Mulher, desejo discreto.
Como não ficar inquieto?
Diante de ser tão dileto?
Tão secreto, tão completo!

Contorno acentuado e curvilíneo também,
toque acetinado, terna delicadeza,
Corpo por Deus esculpido.
Diz-se ‘da costela de Adão’,
Por complemento, nunca submissão!

Não percebes quão tu é especial?
Não percebes quão tu é essencial?
Valorize-se além do corpo, da aparência!
Não és tu somente mãe,
antes disso é mulher  que me merece
ser feliz plenamente em ti!

Sejas altaneira e guerreira,
Não aceites que te explorem,
Nem teu corpo, nem tua mente.
Lute pelos tuas conquistas,
Não as recebas gratuitamente!

Se for mãe que seja tua escolha,
Se for livre que seja por teu querer!
Não te emoldures para alguém.
Não aceite carinhos de esmola!

Seja feminina e feminista também,
Pois se hoje pode estudar,
Escolher seu jeito de vestir,
Ser uma operária ou médica.
Deves agradecer às gerações passadas!

Seja a voz daquelas que não podem,
Em tempos de iniquidades,
Nunca largues as mãos das pequenas,
Lute ao lado delas frente as mazelas!

Lute por seu lugar ao sol,
Assim iluminarás os teus,
Toda humanidade enfim,
Nas tempestades um grande farol!

Reflita-se diante do seu EU,
Apaixone-se perdidamente mil vezes,
É um direito inteiramente teu,
Não permitas jamais que te digam:

“Tu és meu objeto!”
“Tu és minha!”
“Tu és sexo frágil!”
  Tu não és nada disso!
  És tua somente tua!

Por Zizi Palloni Somense
Março/2020

Doce flautista

No aparente ,  
nada se enxergava. 
No inaparente, 
a visão se completava

Não enxerga tu 
minhas tristezas 
feito tecido cru?
Não enxerga tu
minha beleza?

O olhar é turvo.
E tu esbarraras em mim, 
meu coração é só murmúrio. 
Pois nada enxergas enfim. 

Meu barco ficou sem norte
e a solidão agora ronda.
Tu vês que desejo a morte?
Mesmo que tu me sondas? 

Perdeu-se naquela tarde.
Todo encanto, todo pranto, 
todo desejo, toda maldade, 
toda volúpia, todo encanto. 

Não vislumbro horizonte.
Na há lei da atração. 
Apenas desejo insolvente. 
Desses que ferem o coração. 

Vai barco traiçoeiro! 
Vai enfim desgovernado, 
para o grande desfiladeiro. 
O coração enlutado

Todo arrebentado. 
Todo estraçalhado. 
Todo encarcerado. 
Todo machucado. 

Envia socorro ó Deus, 
a esta humilde pessoa, 
que cansada, emudeceu. 
Emudecida segue sozinha 
para os braços de morfeu...
Por Zizi 

Carta do Adeus

Naquela tarde bucólica
...eu chorei! 
Senti todas misérias
do mundo em meu ser. 
O café esfriando na xícara, esfriava meu coração. 
O bolo feito no esmero definhava à espera de uma companhia e compaixão. 
O horizonte agora cinza, cegava sua visão. 
Ao longe os “pios” da tarde eram música para sua solitária percepção. 
O café esfriava e com ele, a sensação de vida. 
A fraca luz do ambiente já não aquecia sua alma. 
Ao longe avistou da janela 
uma luz  em sua direção! 
Uma luz fluorescente adentrou o ambiente
e seus pensamentos,
se tornaram dormentes.
Seu corpo ficara gélido. 
Sentiu as pálpebras pesadas. 
O coração trêmulo
em pulsações intermitentes, 
anunciava sua partida
deste mundo algoz.
Que sufocou de vez sua voz...
Por Zizi

Lamento

A tênue linha imaginária 
que lindamente os separavam
na verdade era o fio 
que os entrelaçavam
Viver ou morrer 
sem o conhecer
Era um sentimento
que doía por dentro.
Na confusão das almas
ela encontrava paz 
ao lado de fugaz rapaz
Tormenta de noites escuras
por um amor que lento jazia
em seu fraco coração.
E o amor e suas juras?
Sem luz sua alma esvazia
e o viver só lamúrias.
Seu jardim desertificado,
planta nenhuma florescia
Por que viver assim, Deus?
Retira a dor e o planto, 
anjos, deem acalanto. 
Não olhe a dor na alma,
apenas a beleza da tristeza 
não chore, se acalme. 
Deixe o destino virar a mesa...
Por Zizi Palloni Somense 







Sua cidade tem:  uma linda praça, um belo coreto e um chafariz iluminado. 
Como a praça é um espaço público, coletivo. Pertence à todos, que querem desfrutar desse espaço, sendo rico ou pobre. A praça é memória coletiva e dá identidade aos cidadãos. 
Aí chega um cidadão de bem e diz que o progresso precisa chegar, que precisa melhorar o nível dos frequentadores. Derruba árvores centenárias, o belo coreto de 1880, bancos confortáveis e o belo chafariz. O que sobra?
Cimento armado, bancos modernos, poucas árvores para “despoluir” o ambiente e os frequentadores continuam os mesmos, pois a praça é um ambiente de passeio e descontração, às vezes, o único quintal de alguém! Mas aí que reside a ignorância social dos que reformulam este espaço em nome do progresso, os poderosos eliminam tudo o que é do povo, que tem memória, que dá identidade! Não pensem que não é proposital, essa ideia de que venha o novo, camufla na verdade, uma ânsia de poder. Vamos eliminar aquilo que produziu uma memória coletiva a fim de criar uma nova onde somos os atores principais! É o nome do sujeito que fica eternizado no projeto de remodelação. As cidades interioranas ainda mantém suas praças à moda antiga! Já os grandes centros eliminaram esses espaços em nome do progresso, da modernidade! 
Quase não há hoje - com exceção dos shoppings -lugares para o flerte, nas décadas de 40/50, os jardins das cidades eram esses espaços! Minha mãe conheceu papai num “footing”, palavra inglesa que significa no Brasil, “(...)um passeio de ida e volta, em trecho curto, de rapazes e garotas para verem o sexo oposto ou iniciarem um namoro -, o corpus apresenta vários exemplos como este: “Ponto de encontro [os shopping centers] (como os antigos footings do interior) de paquera, de exibição, compra…” (Ignácio de Loyola Brandão, Leia, 1989). > 5, 6.1, 6.3, 7 e 12. Tempos sadios de olhares cruzados, mão na mão, beijos doces. A praça e seus bancos aconchegantes sempre foram espaços de identidade, é um elemento cultural importante na formação histórica dos moradores, ao invés de demoli-la, o certo é preserva-la e a história que ela registra. 

Conto do esquecimento

Estava ela em um grande salão, com lindos pilares em estilo rococó, pintados à ouro. Vestida lindamente em seda javanesa com pequenos brocados. Os cabelos eram sustentados por uma linda tiara de diamantes. Ela não tinha certeza de quem era, talvez uma dama, uma princesa, uma rainha? 
No centro de uma enorme sala adjacente ao grande salão, um homem ostentando um grande charuto, ria largamente com os demais senhores. Ele a observou ao longe, assim como ela também o observou. Seus olhares se cruzaram por uns instantes. Não o conhecia. 
O mestre de cerimônia anuncia uma valsa a fim de que os dançantes se organizassem. E sem par, ela sentou à mesa, bebendo uma taça de champanhe. Distraída na formação dos pares, não notou que galantemente o jovem da sala de charutos a tirava para dançar. Não saberia dançar sem pisar-lhe os pés e recusou o convite. Porém, o nobre senhor insistiu e ela resolveu aceitar timidamente. Com leveza e atenção ele a conduziu e ela sentiu-se voar em seus braços! Seu hálito almiscarado a estonteou e por instantes sua visão escureceu. Acordou nos braços daquele homem, que massageava suas mãos, assustado. Um médico no local sugeriu um passeio ao ar livre para aliviar a pressão. O cavalheiro conduziu-a aos jardins perfumados de damas da noite...a brisa leve, as mãos firmes em sua cintura daquele desconhecido, a acalmou completamente. Ela o conhecia de outra vida, pois seus olhos enxergavam além do aparente. Ela o amou desde o primeiro olhar. E acredito que o mesmo aconteceu com ele. 
Não houve apresentações formais e ali naquele jardim, ele tomou-lhe num beijo doce e terno. Ela sabia que encontrou sua alma gêmea. Estar ao lado dele era o que sua alma mais ansiava. Não conseguiram mais se separarem. A paixão foi imediata e no dia seguinte se casaram numa igrejinha, tendo Deus como testemunha.  Nunca mais se separaram. Mas ela tinha uma doença desconhecida - não tinha memória recente - e todo dia este homem com ela se casava para que ela nunca o esquecesse e soubesse que ele era seu consorte e que me amaria eternamente. 
Por Zizi Palloni Somense