De quem é a culpa?



Imaginemos um país que possui o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Imaginaram? Agora imaginem um país onde o salário dos parlamentares seja maior do que o de seus colegas na França e no Reino Unido (potências econômicas). Imaginaram? O leitor deve estar pensando não se tratar do mesmo país, porém, este país real se chama, sem dúvida, Brasil! Os parlamentares brasileiros perdem no ranking mundial de salários altos apenas para Itália, Estados Unidos e Japão! E de acordo reportagem do jornal Estadão, de Julho de 2010, o Brasil tem o terceiro pior índice de desigualdade no mundo e, apesar do aumento dos gastos sociais nos últimos dez anos, apresenta uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações. Apenas por estes dados já seria motivo de sair às ruas e protestar e gritar ao mundo. Mas apenas constatamos esta realidade e nos calamos ou nos conformamos.

Não conseguimos romper esta alienação e ainda consentimos. Ficamos passivos e até pensamos (odeio assunto de política). E assim continuam a tramar a história do nosso país ao sabor de seus gostos. Já dizia o historiador José Murilo de Carvalho, nos tornamos ‘os bestializados’ durante o processo da passagem da Monarquia para a República, república esta que nasceu velha, pois apresentava já os vícios do jeitinho político monárquico, dos conchavos políticos, do “apadrinhamento” de D. Pedro II, do voto censitário... Resumindo, candidatava- se quem tinha alta renda e votava quem tinha renda também. Como a maioria da população era pobre e analfabeta, não votava, bem como as mulheres. Quem participava do processo eleitoral e, enfim, das decisões políticas do Brasil? Restava um por cento da população composta de fazendeiros do café, riqueza do país.

E as leis sempre foram feitas para favorecê-los, como exemplo a implantação das ferrovias para atender aos interesses da produção cafeeira, com seu mapa ilógico, para escoar rapidamente a produção, passou de fazenda em fazenda, como observamos ainda hoje. Não há surpresas nem indignação no ato nossos deputados federais e senadores votarem em um aumento salarial de 62% em seus próprios vencimentos, no fato de os magistrados e da presidente Dilma Roussef e seu vice Michel Temer, “discreta e rapidamente,  sem muita discussão”, elevarem seus salários para R$ 26.700,00.

Este favorecimento de lei é antigo, como aprendemos no passado. O que me assusta é que a maioria da população vive com os R$ 510, 00 ou pouco mais mensalmente e assiste a esta ação política de nossos parlamentares e nada faz. Continuam suas vidas com alguma indignação, mas o pão e circo, receita maravilhosa ensinada aos nossos parlamentares pelos romanos há 2.700 anos, continua valendo neste século XXI. Porém, o circo é outro e o pão, este continua o mesmo ou piorou. Os circos atuais são os torneios de futebol, os shoppings centers, as baladas e etc. Já o pão atual é o mesmo da Roma Antiga, trabalho e barriga vazia enganada pelos fast’s food’s da vida para a classe média e às camadas com baixo poder aquisitivo pouca alimentação basta.

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