Cultura, arte e economia...

Concordo plenamente com a idéia do mestre em Educação, doutor em Comunicação e professor na Unesp de Bauru , João Winck em texto publicado no Jornal da cidade de Bauru, na coluna Opinião de 02/02/2010, intitulado Santo de Casa não faz milagres? , quando diz “O estado precário do teatro municipal sintetiza a cegueira crônica sobre as ricas potencialidades de Bauru. Dessa forma, nem a velha e boa política do “panem et circenses”  funciona por aqui. Prova disso são as nossas TVs universitárias, comunitárias e a legislativa que não se preocupam em servir os finos biscoitos prometidos por Oswald de Andrade. Só o bolo de Maria Antonieta...” Pois viajando recentemente à cidade de Piracicaba, pude constatar que a cidade investe muito em todo tipo de Arte e não possui esta rede de formações universitárias tão ampla como Bauru. Em Piracicaba, o turista respira arte, cultura e história. A Rua do Porto, com seus bares servindo peixe de qualidade, atrai turistas e munícipes à outras atividades econômicas bem exploradas na cidade, como a feira de artesanato que funciona no Restauro do Engenho Central e Criação do Museu do Açúcar -  estão criando um museu com apoio do Ministério da Cultura, Codepac de Piracicaba e IPPLAP  nas antigas instalações do Engenho de Açúcar Central -  espaço rico de história e memória cultural da cidade, este projeto contou com um plano de adequação ambiental e paisagística da orla urbana do rio,  realizado pela ESALQ/USP. Caminhando pela Rua do Porto, o turista visualiza verdadeiras obras de arte nos muros e fachadas das primeiras construções feitas na cidade, tombadas patrimônios históricos e ainda a cidade mantém a Casa do Povoador em ótimas condições de visitação, com exposição dos famosos bonecos do Elias, artista local, é como se tivéssemos mantido a casa de Felicíssimo Antonio Pereira aberta a visitações pública! Observei também que o Cemitério da Saudade da cidade tem seus muros pintados com obras de arte de artistas locais, que procuraram ressaltar a importância histórica do rio Piracicaba na vida cidade. A cidade ainda mantém a Ponte Pênsil sobre o famoso rio e o Mirante, que atrai turistas de vários lugares do Brasil. Observei que há grande esforço das autoridades e entidades locais para que a cidade tenha uma forte consciência de sua construção histórica. E o que Bauru esta fazendo neste sentido?  Não era para a iniciativa privada, prefeitura, e órgãos estatais transformarem a nossa Estação Central, num espaço de memória da cidade? Um museu ferroviário, funcionando com passeios pelos trilhos que fizeram Bauru ser o que é? Não era para restaurarmos esta região da cidade e propor atividades que gerariam renda neste setor para Bauru?  Não era para a Estação se transformar em espaço de realizações de peças teatrais, valorizando este berço de cultura que é Bauru? Fomos Sede da Noroeste do Brasil e muitos nem sabem disso! É lógico caro Mestre João Winck, somos cegos culturais, sem visão econômica de nossas potencialidades. De fato, nem a velha política panem Et circenses funciona aqui!  Os biscoitos finos de Oswald, também em sua época não serviram aos ricos fazendeiros, pois o Modernismo de Oswald e companheiros chocaram por fugir completamente da estética européia tradicional que influenciava os artistas brasileiros em seus parâmetros culturais. E ao povo só resta o tal bolo de Maria Antonieta mesmo, se é que ela teria dito ou não a frase “Se não tem pão, que comam bolo (brioches em tradução do alemão para o francês)”, de acordo com a discussão historiográfica. A questão é que o povo francês vivia numa miséria cultural e econômica como a nossa, e as autoridades daquela época Luiz XVI e Maria Antonieta não faziam o mínimo esforço para melhorar suas vidas, estando preocupadas apenas com as futilidades da vida na Corte, nossas autoridades seriam também capazes de pensar desta forma? Não estão fazendo esforços para utilizar esta riqueza formada em nossas universidades em proveito da melhoria econômica de nossa cidade, como faz tão bem a cidade de Piracicaba? Observando a demora no acordo entre Prefeitura e Noroeste sobre a Panela de Pressão, sobre o descaso com o Teatro Municipal, temo saber as respostas de minhas questões...